Tão eu!
Há domingos de sol que fazem aumentar a caixa de ar, deixar os pulmões cumprirem a sua tarefa... uf... respiro! e respiro bem, sem obstruções, sem trânsito!
Estou bem obrigado, respondo, olhos nos olhos, a com quem me cruzo nas escadas do prédio... sorrio...
Como está? passou bem? pergunto devagar à senhora da mercearia... hummm como gosto de comprar pão pela manhã, cruzar-me com as hortaliças e esquecer-me sempre do papel higiénico!! BOLAS!!
Sinto-me leve, a caminhar, virada do avesso nos meus yellow Shoes! são eles que fazem com que os meus desejos comecem debaixo dos meus pés...
Todos os dias ela escrevia palavras, registava-as delicadamente num pequeno caderno, ás vezes pautado. Inventava histórias de verdade que mais dia menos noite acabavam por sobreviver.
As suas mãos eram feitas de sonhos, contava-os pelos dedos, a sua força estava desenhada no seu sorriso.
Cada noite desenhava um mesmo desenho, uma escada, comprida e cada vez maior... sonhava subir, colher e provar a lua.
Adorava passear de mãos dadas com o vento, rodopiar e assobiar...
Na terra, esse mundo que cabia entre os seus braços abraçados, as estações eram ditadas pela cor de seus trajes e se um dia era primavera porque vestia borboletas, no outro podia ser outono só por ter um colar de tangerinas.
Em tempos, essa menina e um pouco mulher descobriu que era sobre si que escrevia e desde então reinou o jogo dos contrários, na sua escrita vivem apenas os versos desordenados... vestiu-se de silêncio, um silêncio que não se pode apagar com palavras...
Lugares diários