As suas gentes invadem-nos a alma... encantadores de serpentes, sábios e contadores de histórias conquistam-nos entre bancas de especiarias, malabaristas e mulheres berberes que exibem a sua mestria com tatuagens de henna que nos marcam as mãos e o espírito...
Um lugar encantado e de encantar... minúsculas janelas entreabertas escondem caras tapadas, mistérios por desvendar, do nada surgem mesquitas, lugares sagrados onde não podemos entrar, ouvem-se orações...
Corredores iluminados por luz ténue, um tom rosa-salmão, entre souks e estreitas e sinuosas escadarias, conduzem-nos até ao coração da cidade, Jemaâ-el-Fna, perdemo-nos e achamo-nos constantemente... nesta "assembleia dos mortos", ali, há séculos, criminosos eram executados e as suas cabeças expostas..
Hoje aquele é o palco da cidade e dos saltimbancos, ao entardecer as lantarnas acendem-se, o som dos tambores, flautas e alaúdes faz-se soar... e, então, a verdadeira magia começa!
As pessoas, os cheiros, os sons, as cores envolvem-nos sem cerimónias, somos seduzidos por um cenário que transpira sensações com sabor a fantasia. A praça torna-se um espactáculo ao ar livre, um livro das mil e uma noites, o ar fica impregnado com o fumo, uma bruma misteriosamente desigual que espalha o aroma a especiarias...
Estamos nas mãos, à mercê de Marrakech, o ponto de encontro de exploradores de sensações insólitas e deslumbrantes... "Vai-te depressa" ordena-nos a sua história...
Como é bom estar, ser, achar e perder o rumo vezes sem conta, aqui onde reina o prazer da desorientação, deixarmo-nos engolir ,sem resistência, por esta enchente de sensações...
... É impossível não sonhar voltar, em resgatar, neste lugar que "primeiro estranha-se, depois entranha-se!", que não se explica, vive-se!
É só fechar os olhos... o sorriso já está na minha boca!
O sonho está fora de si... e só vai terminar para lá de Marrakech!
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