"Quando estiveres velho e cansado
As mãos enrugadas e trémulas
E sentires os olhos a fecharem...
Lembra-te daqueles que te amaram e por ti passaram
Lembra-te de como crianças nos rimos e como adultos chorámos
E, quanto mais sentires os olhos a fecharem...
Lembra-te...
Nem sempre foste fácil
Tu bem sabes...
Nem sempre te compreendi
Eu bem sei...
Nem sempre fui fácil
Eu bem sei...
Nem sempre me compreendeste
tu bem sabes...
Agora sei quem sou
Sou pouco mas sei muito
Agora sei as coisas como são
Aprendi contigo! Aprendi com a ternura do teu olhar de todas as cores e sem nenhum horizonte
Contigo aprendi!
Só agora me dou conta
Como o tempo passou
Como gosto de ti
Como estou a sentir falta
Voo para o futuro à procura do passado
De um presente que ainda agora vivi
Como gosto de ti!
Dor, mágoa, tristeza...
É o que sinto
Quando estou longe e perto de ti
Dor do meu amor
Mágoa da tua indiferença
Tristeza...
Pureza, amizade, saudade
É o que sinto quando estou perto e longe de ti...
Pureza do teu ser
Amizade do nosso viver
Saudade...
Tão mal nos faz ver alguém
Tirar proveito de algo que deveria ser nosso
Não desacreditei porque não me esqueci
Nem do sonho
Nem de ti!
Talvez daqui a uns anos
A saudade não seja uma ferida aberta
E mesmo as recordações mais euforicamente alegres
Serão tristes..
E mesmo as recordações mais euforicamente tristes
Serão indiferentes...
E quando finalmente fechares os olhos
E deres o teu último suspiro
Ouvirás a minha voz amiga, mesmo sem estar presente
A dizer: amei-te eternamente!"
Manuel Bandeira
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