E quando o chão parece fugir?
E quando as pontas do dia parecem não se unir? e formam uma linha recta sem cruzamentos ou entroncamentos...
E quando o corpo nos abandona numa suspensão temporária? e mexemos o café sem cessar, até fazer ferida...
E quando um naco de sol é um todo luminoso?
Diagnóstico precisa-se... um mapa talvez possa também ajudar, não não não... uma bússola! talvez seja esse o material indicado para dissecar, decompôr, separar, organizar, orientar...
... é um voar a bordo do vento, um sopro no coração...
É só fechar os olhos... o sorriso já está na minha boca!
O sonho está fora de si... e só vai terminar para lá de Marrakech!
Baloiço entre o sim e o nada, numa cadência invisível,
Saboreio o vento que me beija o cabelo, sinto-lhe um travo a tudo,
Fico suspensa neste carrocel entre o amor e a indiferença, na linha que os separa e ao mesmo tempo os faz tão perto, os une... uma comunhão!
Lentamente os meus pés, descalços e nus, sentem a instabilidade da corda bamba, deixo de os sentir em terra
Sustenho a respiração,
Abandono-me,
Atiro-me para fora de pé num simples e intenso balanço,
Sinto a alma a desprender-se sem direcção, vejo-a a vaguear pela linha do horizonte,
Arrasto-me para um terreno, uma alcatifa macia, igual luxúria do mais glamoroso vinho.
Ouço uma voz que se dilui, um compasso binário,
Os ponteiros marcam um desvio desnecessário... obedeço!
... afasto-me deste vai e vem,
Já é hora de voltar...
Lugares diários