Para trás ficou Firenze e os seus gelados fantásticos, a ponte que hoje e desde há seculos aprisiona, mantém e solidifica o amor de alguém. Cadeados e mais cadeados, Tradição rima com proibição e unem-se como magia dessa mesma ponte..
Para trás fica Pisa.. de encanto me deixa apenas a sua torre torta e os turistas que à sua volta se fazem fotografar, imortalizando o momento ao custo de um "clic".
Caminho agora, depois de breves horas de sono inacabado numa estação de comboios, frente ao gabinete da polícia.. Caminho a bordo do comboio irreal e indescritível, de gentes cujo padrão é impossível uniformizar. São pessoas, bagagens espalhadas pelo chão, iluminadas por uma luz ténue e mortiça de corredor que nada tem de encanto.
Proponho-me a olhar tamanha falta de privacidade, detenho-me a cada cheiro provindo de cada corpo que passa e que de tão próximo me obriga a provar, tão grande invasão!
Faz-se silêncio, ou assim me parece, tamanho é o ruído do deslizar das carroagens, a dureza de ferro com ferro, de gente com gente.
Há um escuro profundo lá fora que não se deixa abalar pelo silêncio ensurdecedor, um tom preto que deixa espaço suficiente à imaginação, que permite brincar ao "que estará para além".. Um espaço entre o nada e o infinito, um intervalo aberto..
Lugares diários