Aqui sim, não há um caminho, as ruas não têm nome, não existem mapas, esquinas ou desfiladeiros. O deserto é banhado pelo som do silêncio que é irrompido de lés a lés pelo ruído da areia de toca o cume das dunas e se espanha no horizonte...
Uma vela, apenas uma vela fecha e une o círculo de seis copos de "whisky berbere", o chá do deserto, no chão, iluminado pelas estrelas do tecto do mundo que começa e acaba aqui!
Não sei se é o princípio ou o fim, sei que há um encontro com o nada que me enche de paz, o largar de todas as fronteiras do conforto e da imensidão tremenda dos excessos dos lugares comuns.
Esta noite sinto-me confortavelmente coberta por um azul escuro, aqui onde o silêncio não mente, é tão íntimo que não pode ser representado, perdido ou achado, tão envolvente que não pode ser rasgado nem apagado... é ele que nos une enquanto seres e nos prende à eternidade.
Carta do deserto:
"Respondendo-te...
Que o deserto te mude, chegas-me tu por palavras assim.
De certo mudará um pouco daquilo que sou, tal como o fizeram todos os lugares por onde já passei mas... há coisas que só se encontram dentro de nós e esa procura, ainda que o deserto e o seu vazio e o silêncio sejam um lugar de excelência que convidam à paz e à reflexão, é um caminho contínuo que passa também pelo aceitar e bem estar com a pessoa que somos." tee
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