Quando viajo, levo sempre comigo uma pele sensível, pronta a receber todas as sensações como verdades que entram por mim adentro e se tornam memórias fieis que se propagam, multiplicam e demoram...
Um pé de cada vez, assim ordena a chegada a esta cidade do mundo, de dois mundos...
A confusão separa-se pelo rio Bósforo e assim une a Ásia à Europa e torna dois continentes tradicionalmente distantes em mundos atravessáveis em pouco mais de vinte minutos de barco.
O vento está arrefecido e o seu efeito na minha pele mistura-se com um frio de medo que sinto na barriga à medida que me aproximo da ponte, do lado de lá, o passar da barreira, do conhecido confortável... sinto um longo arrepio
De um lado ou outro, o horizonte, esse, é pontilhado por minaretes que anunciam mesquitas perdidas e achadas entre o emaranhado de ruelas e gentes que se acotovelam... ali tudo pára, o silêncio leva-nos à nossa essência.
Uma intrusa, assim me sinto, e como é boa esta sensação... um peixe fora de água
Há aqui algo de inquietante que faz perder os pontos de referência.
Vagueio e atravesso séculos, histórias de sultões polidas pelo tempo, banhadas por um cheiro a especiarias que acordam do bazar egipcio e me fazem deslizar até ao coração de Istanbul...
Merhaba
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