"Há dias tão grandes que parecem um mês inteiro,
... e outros que passam num abrir e fechar de olhos.
Há dias para esquecer e outros para lembrar.
Há dias simples. Há dias, meu deus!... que são uma confusão.
Há dias silenciosos, metidos nos seus botões,
... há dias que dão vontade de falar, falar, falar.
Há dias cheios de dias em cheio. Há dias quase vazios e dias que mudam as nossas vidas.
Há dias em que só pensamos no futuro e dias em que temos saudades de quase tudo.
Há dias com grandes manhãs e dias que se prolongam pela noite dentro.
Há dias ensonados, nublados como sonhos.
Há dias reais, dias irreais e dias sorreais.
Há dias em que chove a cântaros.
Há dias em que perdemos a chave e dias em que perdemos o autocarro.
Há dias em que o rei faz anos.
Há dias em que perdemos a esperança.
Há dias em que cruzamos os braços,
... e outros em que arregaçamos as mangas.
Há dias que temos vontade de partir e dias que temos vontade de voltar.
Há dias coloridos e dias a preto e banco,
... há dias negros (verdadeiramente maus) e dias azuis.
Há dias trágicos.
Há dias em que aprendemos uma palavra nova e dias em que temos uma palavras mesmo debaixo da língua.
Há dias em que perdemos a cabeça e dias em que começamos tudo do princípio.
Há dias que já lá vão,
Há dias que nunca mais chegam,
Há dias em que contamos os dias.
Há dias de cerimónia e outros em que apetece andar descalços.
Há dias que passam a correr e dias que vão andando.
Há dias que esticam e dias que deviam durar para sempre.
Há dias que precisamos de um café...
... e outros que precisamos de um abraço.
Há dias e dias e dias que não são dias.
Há dias que pedem uma banda sonora e outros em que apetece cantar no duche.
Há dias que deviam desaparecer do calendário e outros que ficam para a história." Isabel Minhós Martins
Conheces alguma mulher que tenha ficado na história sem que se tenha feito ouvir? sem que se tenha levantado? sem que tenha lutado?
"Só voa quem se atreve a fazê-lo!" Luis Sepúlveda
Todos os dias ela escrevia palavras, registava-as delicadamente num pequeno caderno, ás vezes pautado. Inventava histórias de verdade que mais dia menos noite acabavam por sobreviver.
As suas mãos eram feitas de sonhos, contava-os pelos dedos, a sua força estava desenhada no seu sorriso.
Cada noite desenhava um mesmo desenho, uma escada, comprida e cada vez maior... sonhava subir, colher e provar a lua.
Adorava passear de mãos dadas com o vento, rodopiar e assobiar...
Na terra, esse mundo que cabia entre os seus braços abraçados, as estações eram ditadas pela cor de seus trajes e se um dia era primavera porque vestia borboletas, no outro podia ser outono só por ter um colar de tangerinas.
Em tempos, essa menina e um pouco mulher descobriu que era sobre si que escrevia e desde então reinou o jogo dos contrários, na sua escrita vivem apenas os versos desordenados... vestiu-se de silêncio, um silêncio que não se pode apagar com palavras...
Regressos... hoje é dia de regressos
Não sei bem porquê mas quando penso em regressos lembro-me de abraços, talvez seja essa a sensação, talvez de afago.
Um tempo de segurança, de origem, um tempo de "re" começar, "re" ver, "re" atar.
Tempo de matar umas e semear outras saudades.
Hoje quero deitar fora a sensação de fim de férias, quero sentir-me feliz por regressar!
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