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Quarta-feira, 23 de Abril de 2008

Le Voyage du Ballon Rouge ...

 

Se espreitarmos com muita atenção há um pequeno mundo entre outros dois mundos ao qual só chegam os mais atentos, os que não são sedentos... há muitos que por lá passam e saltam sem olhar esta pequena fenda...


publicado por teetee às 00:30

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Quinta-feira, 17 de Abril de 2008

Sonho sem rosto

                                                                                                 René Magritte

 

 

 

Acordo..

Os olhos estavam baços... cerro-os, esfrego-os com veemência como quem quer penetrar além do atingível!

O teu rosto? pergunto-me e arrisco-me a requestá-lo nos breves instantes que se seguem...

Destapo todos os episódios, desobestruo todas as portas, escavo um beijo distraído, invado museus, corro por ruas e artérias, ingresso na cólera de um filme mudo.. nada!

Sinto um náufrago no peito, por instantes fico a boiar no infinito a consumir pirulitos por conta própria!

Este acordar carnívoro nos mornos lençois faz-me abandonar o chão, abala a realidade de todas as coisas...

Que agonia é esta? Que me segue os passos, que me espreita os gestos, que me assombra o corpo, que me acorda de noite e me grita de dia?

Rendo-me?

 

 

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publicado por teetee às 18:51

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Quinta-feira, 10 de Abril de 2008

Tenho um quarto dentro de mim...

 

Cinco e meia da tarde, meia para as sete da hora antiga. Sento-me ao pé de mim para escrever, a caneta leva-me até ao último e unico andar do prédio, mais precisamente ao quarto vazio que mora dentro de mim!

Nesse quarto recheado de nada, noite após noite ouço um ruído que ensurdece o silêncio, um compasso proveniente de um relógio de parede que faz a soma dos dias como se de uma calculadora barata se tratasse.

Ao longo das quatro paredes brancas que me envolvem,  estende-se a sombra imensurável de uma cadeira de baloiço que ainda se move...

No canto, amachucada e no chão, encontra-se uma folha descolorida, com palavras rasgadas e garatujadas de um dia mais colorido que aos poucos foi perdendo a tonalidade... já nada se lê! sobraram apenas as reticências e os "ses".

O vento que despreza a rua, entra sem pedir licença, entranha-se nas cortinas e desvenda o quotidiano, desenhos sobre a normalidade das pessoas que oferecem os "bons dias" umas ás outras... Chego-me à janela para ver!

Tropeço agora no tapete que outrora esteve estendido, bordado a fio de suspiro e estampado de imagens de momentos  que me rasgam as defesas

Bocejo, fico enfadada, aconchego-me e preparo-me para passar mais uma noite em branco com receio de que os sonhos venham visitar-me e eu, por desleixo, esteja a dormir...

 

 

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publicado por teetee às 20:16

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Sábado, 5 de Abril de 2008

Procuro por ti...

 

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                                                       http://www.youtube.com/watch?v=UDorNilxPUY

 

 

Na liberdade da solidão, acordas do lado deserto da cama, é nesse lugar onde mais te encontras

Na multidão de desconhecidos pareces sentir segurança

Na estrada da vida sem mantimentos afectivos procuras a saída, fazes do amor um singular

De costas curvas carregas o luto dos dias que por ti passaram

Prenuncias palavras que te minguam o coração

Julgas-te confinado á "solitária" de nome vida, acordas e olhas o espelho com ar ameaçador e agressivo... fabricas um sorriso

Já nada te sacia... só a ti te procuras

As carências sao a bagagem que te move

Nenhuma reacção! ... e o silencio já soa a castigo

Gastas oxigénio aos poucos só para sentires o sufoco de que mascaras a ansiedade

A todo o custo, sem preço nem medida.. onde quer que esse caminho te leve

Pensas ter perdido esse tudo que não aceitas seres TU e tentas provar o amargo, não na boca mas no peito,  que te trará a tão desejada vitória na luta constante contra os teus limites...

 

Eu perdi... e tu?

 

 

 

"Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco"
 

 

                                       Mário Cesariny

música: Eddie Vedder - Hard sun
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publicado por teetee às 19:15

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