Todos os dias ela escrevia palavras, registava-as delicadamente num pequeno caderno, ás vezes pautado. Inventava histórias de verdade que mais dia menos noite acabavam por sobreviver.
As suas mãos eram feitas de sonhos, contava-os pelos dedos, a sua força estava desenhada no seu sorriso.
Cada noite desenhava um mesmo desenho, uma escada, comprida e cada vez maior... sonhava subir, colher e provar a lua.
Adorava passear de mãos dadas com o vento, rodopiar e assobiar...
Na terra, esse mundo que cabia entre os seus braços abraçados, as estações eram ditadas pela cor de seus trajes e se um dia era primavera porque vestia borboletas, no outro podia ser outono só por ter um colar de tangerinas.
Em tempos, essa menina e um pouco mulher descobriu que era sobre si que escrevia e desde então reinou o jogo dos contrários, na sua escrita vivem apenas os versos desordenados... vestiu-se de silêncio, um silêncio que não se pode apagar com palavras...
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